Mestre João das Neves





Para saber mais sobre o trabalho de modelismo naval de Mestre João das Neves, visitar o seu sítio aqui

3 comentários:

JOSÉ MANUEL CORREIA disse...

A vida, por vezes, surpreende-nos. Dá-nos a conhecer qualidades que não suspeitávamos possuir. Parece ser o caso do que se passou com o João Neves. Embora, no seu caso, a surpresa possa não ser grande, porque julgo existirem outras vocações artísticas na família. Mas não deixa de ser curioso que o moço calado, taciturno, que conheci ao longo dos quatro anos da instrução primária, que cedo começou na vida do trabalho duro de pescador, tenha descoberto dotes artísticos na recreação de antigos barcos da faina piscatória, nomeadamente daqueles que activos na nossa juventude e reconstituídos hoje pelas suas miniaturas nos trazem nostálgicas recordações.

Pelo que vejo, ele reconstituiu duas traineiras dos anos sessenta: a Milita, da casa Freitas, a que se encontra pessoalmente ligado por nela ter começado e feito a sua vida de pescador traineireiro, e a Brisamar, da casa Abel. Outras houve, vistosas e imponentes, também importantes pelos sucessos nas pescarias. Recordo a Costa D’Oiro, também da casa Freitas, e a Gracinha e a Marisabel, ambas da casa Abreu, que já referi em comentário a outro post. Qualquer delas dignas de ocuparem lugar de realce na sua galeria de pequenas obras de arte.

As fotos não dão para apreciar a qualidade das obras; a variedade dos pormenores não é possível de descortinar em fotos de tão pequeno formato, mas a similitude da silhueta, melhor conseguida nuns casos do que noutros (e a barcaça Meia Praia do modelo talvez não reflicta bem a largueza da sua proa, que a tornava deveras distinta da sua irmã mais velha Nossa Senhora da Glória), ao menos, permite reconhecer a intenção do autor em ater-se à reconstituição fiel. Nada melhor do que a observação de perto, num sítio adequado, numa qualquer Galeria Municipal permanente, se existe, ou no Museu Municipal.

Desde que tomei conhecimento desta faceta artística do João Neves, vai para uns poucos anos, tenho pensado se entre aquela rapaziada que constituiu uma das duas turmas que entraram para a primeira classe no dia 7 de Outubro de 1956, na Escola Primária Masculina do Bairro Operário não existirão outros como o João Neves. Recordo-me de vários dos que integravam a turma a que pertenci, moçada de talentos diversos, nem todos relacionados com as matérias curriculares, fosse no jogo do berlinde, na arte de lançar o pião, na pontaria com a fisga ou na rapidez das fintas e esquivas na apanhada, de quem perdi o rasto.

Pensando neles, há uns três anos e picos dirigi-me ao director escolar na tentativa de obter a relação completa desses colegas de turma, para os convocar, quando fosse a altura, através dum anúncio num jornal local, para um almoço de confraternização comemorativo do cinquentenário da efeméride. Tentativa frustrada, porque os arquivos da escola pura e simplesmente não existiam, como me informou em resposta o director ou o professor responsável. Gorou-se assim a tentativa de juntar o pessoal numa data significativa. Apesar do desaire, a intenção ainda não desapareceu.

O Tó Zé Boto, o Délio (que fui vendo ao longo de vários anos), o Zeca Amores, o Xico Zé Casquinho da Rocha, o Zé Valério e o Luís penso que residem ou terão residido por aí ou pelas redondezas; o Nuno Matias (que também fui encontrando regularmente, está para Aljezur); mas do Carlos Alberto Valentão, do Fernando Pontes, do Fernando Tempera, do João Eduardo (que foi meu parceiro de carteira em vários anos), do Zé Francisco Nobre, do Zé Luís Bandarra (este, nascido no mesmo dia, e também no Hospital), do Justiniano Alvarez, do Garrancho, do Marcelo das Neves, e de outros cujos nomes não recordo, há mais de quarenta anos que não sei nada. Se algum deles for leitor do blog, que dê notícia. Pode ser que arranjemos outro pretexto qualquer para nos juntarmos numa almoçarada.

JMC.

francisco disse...

Meu caro amigo, não me parece que essas pessoas sejam leitores deste blogue, não só porque o mesmo é muito recente e pouco conhecido como pelo facto de poucos da sua geração utilizarem a internet, e menos ainda os blogues.

Por acaso não faço ideia do número de visitantes deste blogue porque é o único, de todos os sítios que tenho online, que não tem qualquer espécie de controlador. Mas aposto que tem poucos visitantes, até porque não o divulgo suficientemente. Isto foi criado como um repositório de coisas que tenho, textos e sobretudo fotos, para onde remeto um grupo restrito de amigos ligados às coisas do mar.

Saúde.

JOSÉ MANUEL CORREIA disse...

Francisco.

Como o blog está publicitado no de Lagos, que foi por onde cheguei a ele, pensei que pudesse ser conhecido, pelo menos por pessoal que se interesse por barcos e por coisas ligadas à pesca e às anteriores raízes piscatórias da cidade. Foi por essa razão que deixei o apelo aos meus antigos colegas de turma, abusando deste seu espaço.

Mesmo com essas limitações que aponta, quem sabe se outros que não os próprios, mas que os conheçam e que com eles se relacionem não lhes poderão dar notícia? Irei passando por este post, para ver se haverá resposta.

JMC.