A Xávega é uma arte de pesca de arrasto, que executa um cerco que varre o fundo arenoso numa extensão variável, em arco, compreendida entre 500 e 1000 metros.
A rede largada pela barca, ou calão, fica ligada a terra pelos cabos e é, depois, arrastada para a praia, puxada a força braçal ou por bois, capturando o peixe que se encontra dentro do cerco. Embora com grandes variações de local para local, dependendo da extensão da arte, do tamanho do barco e da força que se usa para alar a rede (braçal, bois, tractores), opto por uma descrição mais consentânea com a existente na Meia Praia – no passado existiram artes de xávega enormes, que descreviam uma extensão de 2 ou 3 milhas e ocupavam uma tripulação de quatro dezenas de homens e mais de uma centena em terra para alar a rede. Não é esse o caso da Xávega da Meia-Praia, uma arte de envergadura mais modesta.
Assim, o barco é lançado ao mar com o recurso a barrotes de madeira que vão sendo colocados à sua frente, e por onde ele escorrega empurrado pelo pessoal. Uma ponta do cabo que irá puxar a rede fica logo presa em terra. De regresso, já com a rede na água, o barco trás à praia a outra ponta do cabo que irá, em conjunto com a primeira, permitir alar a rede.
A rede é composta por um saco – de secção trapezoidal feito em malha apertada, expessa – cuja boca se prolonga para um e outro lado, ao longo de extensas mangas ou alares, diminuindo a sua altura para as extremidades cujo comprimento é, em média, de cerca de seis vezes o comprimento do saco.
A flutuação para a abertura do saco é dada pela cortiçada, fixada na estralha (o corcho), enquanto na parte inferior, no prumo, o lastro de chumbicas garante a verticalidade da rede e o seu funcionamento rasante ao fundo.
Facto curioso: este tipo de pesca conserva a particularidade de ser aceite pela companhia a ajuda de quaisquer pessoas que desejem participar, tendo estas também um quinhão da pescaria. Não é pois de estranhar, durante a época estival, deparar com um cenário de citadinos e até turistas estrangeiros, ajudando na faina, logo pela manhãzinha.
http://www.cm-sesimbra.pt/pt/conteudos/o+concelho/patrimonio/patrimonio+etnologico/arte+xavega+chincha/
http://www.angelfire.com/wv/xavega/
http://www.freguesia-nazare.com/jf/index.php?Itemid=43&id=54&option=com_content&task=view
http://topazio1950.blogs.sapo.pt/141337.html
http://olharesdistantes.blogspot.com/2007/07/arte-da-xvega.html
http://www.vagueira.com/artexavega.html
http://www.jornaldascaldas.com/index.php/2008/06/11/arte-xavega-na-nazare/
http://www.tintafresca.net/News/newsdetail.aspx?news=294aa33f-2c17-4f33-a85f-853a04361904&edition=55
2 comentários:
Obrigada pela visita ao Marintimidades, onde deixou um comentário no post sobre a arte xávega da Vagueira.Tentei localizar o seu blog e cá estou. Achei de certa maneira curioso encontrar alguns locais algarvios, onde fiz pesquisas etno-linguísticas nos anos 60, nos anos 80 e em 2006. Com base nestes dados, elaborei o meu último trabalho, publicado pelas Edições Culturais de Marinha, em Novembro de 2008, Regresso ao Litoral - Embarcações Tradicionais Portuguesas.
Estive exactamente na Meia-Praia, onde me apercebi do que diz - único e último local onde se pratica, na costa algarvia, a arte xávega, claro, modernizada e de pequenas dimensões.Estou exactamente a olhar para imagens que recolhi da embarcação José Fernando, vermelha, nada do que que nos anos 60 se usava para o lançamento da arte xávega.
E fico por aqui, pois não tenho tempo para mais considerações. Fantástica, a coincidência!
Cara Doutora Ana Maria Lopes, efectivamente, parece que devido às crescentes dificuldades administrativas esta arte da Xávega irá desaparecer dos areais da Meia Praia. É lamentável, e mais um resultado dessa triste sina que possuímos como povo, a de tudo deixar ruir.
"Regresso ao Litoral - Embarcações Tradicionais Portuguesas". Ora aí está uma obra, certamente, interessante. A cultura portuguesa em geral, e em particular a "cultura marítima", é devedora a pessoas como a senhora, que investigam e publicam sobre matérias de cunho antropológico e/ou etnológico, recuperando, entre outros valores, memórias das relações das comunidades com o mar.
Cumprimentos.
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