José Raposo e os polvos


Nova legislação para as pescas promove asfixia dos pequenos pescadores, estabelecendo UMA zona de trabalho para cada pescador e interditando todas as outras. Será este o golpe de misericórdia para estas actividades? Parece que o mar se vai destinando ao uso exclusivo dos possidentes (?!). Portugal é, cada vez mais, um país retalhado, dividido em coutadas de uns poucos.

4 comentários:

fangueiro.antonio disse...

Boas.

Descobri o seu blogue na semana passada e já o tenho em favoritos. O que nele nos mostra sobre mar, barcos e gentes que deles vivem é muito importante, e pessoas como o Sr. José Raposo são mais importantes que a carga de pesca de um navio industrial.
Sobre este "detalhe" terrível das legislações que já mataram e continuam a matar até à última a beleza da pesca tradicional... julgo que os pescadores precisam de um 25 de Abril, pois o que tivemos há 35 anos inverteu a nossa relação próspera com o mar a todos os níveis.

Atentamente,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt

francisco disse...

Caro António Fangueiro, infelizmente somos um povo muito miserável, porque nos deixamos governar por gente reles, gente que nada mais pretende do que governar-se a si próprios. Essa é a única conclusão que podemos tirar face às informações que nos chegam diariamente e à indesmentível e gritante ausência de senso manifestada na continuada destruição dos valores que possuíamos como povo, nestes 35 anos de Democracia. Não defendo o tempo anterior, mas ataco esta canalha pseudo democrata, esta gente vil e desonesta que nos engana tão insolentemente.

Sobre o homem dos polvos ou melhor, sobre os pequenos pescadores e a sua actividade é indiscutível que a redução dos stocks das espécies marinhas obriga à adopção de atitudes, mas não é a isso que temos assistido. O desmantelamento das nossas frotas pesqueiras, ao invés da sua reconversão e modernização; a diarreia legislativa indiscriminadamente cerceadora das actividades piscatórias; a permissividade de actividades afrontosas – e bastas vezes ilegais – por parte de frotas estrangeiras, a par do exagerado policiamento de algumas das nossas frotas como a da traineira de cerco p. ex., constituem factores que só nos fazem lamentar esta tragédia em que Portugal se tornou. Não é vergonhoso o que se verifica diariamente nas Lotas do país, com a chegada de pescado espanhol de dimensões ilegais, quando os pescadores portugueses não podem fazer tais capturas? Sobretudo quando sabemos que, nalguns casos, o produto espanhol foi capturado em águas portuguesas!!!

Quando devíamos eleger como objectivo supremo do país, e do Estado, a investigação e a exploração conscienciosa daquele que é o maior bem que possuímos, o MAR, continuamos a ignorá-lo e a adiar esse objectivo. E ficará reduzido a coutadas – na zona litoral, para praias de banhos privadas, e no mar alto em zonas de “aluguer” ou alienação total a interesses estrangeiros. As poucas iniciativas de investigação ou exploração não são mais do que coisa para encher a vista, para mostrar em páginas de jornais (p. ex. a EMEPC - Estrutura de Missão Para a Extensão da Plataforma Continental, como se existisse algum plano coerente para exploração das riquezas dos fundos marinhos; ou mesmo a mediática estação de energia das ondas na Póvoa de Varzim – esta já abortada, pois parece que vai encerrar e mandar ao fundo os 8,5 milhões de euros de investimento). Tudo isto é compreensível num país “faz-de-conta” como o é Portugal hoje. E sem o despertar das consciências nada mudará.

Aproveito para deixar os parabéns pelo blogue “caxinas-a-freguesia”, um dos melhores do panorama marítimo português.

Saúde.

fangueiro.antonio disse...

Boas Fernando.

Concordo plenamente com tudo o que comenta e vamos ver onde vamos parar se continuamos a "involuir" para isto.
Agradeço os elogios ao "Caxinas-a-Freguesia", comunidade que será talvez exemplo do marasmo governativo também local. Sempre foi e ainda é terra de pescadores, uma colónia da Póvoa de Varzim administrada por Vila do Conde e evoluiu tanto em 50 anos, que hoje com cerca de 15.000 habitantes... não passa ainda de um "lugar" para quem governa. Completo desprezo por esta gente de vida dura e morte presente, que merece ver a sua terra elevada, brasonada e embandeirada.

Saudações marítimas e sempre que possível, fotografe imenso os barcos da sua terra ao maior detalhe, pois sou grande aficionado da construção naval, de barcos de pesca em madeira. Hoje em dia já não são construídos em linhas tão belas como até finais de 80. Caso saiba algo sobre planos destes barcos e como posso adquiri-los, agradeço-lhe imenso a informação.

Um abraço,
A.Fangueiro

francisco disse...

Caro António,
Respondi-lhe por e-mail.

Para além dos planos da canoa algarvia, o que tenho é uma colecção de postais ilustrados com barcos de pesca algarvios, fotografados nos anos 60 e 70. Logo que possível, hei-de postar essas imagens no blogue.

Abraço